O que se viu

Tinha visto um mar azul turquesa, estava no alto, a mesma visão privilegiada dos pássaros. Como um animal que vive e sobrevive através dos instintos conseguia perceber toda a beleza, mas ainda estava distante.
Na estrada víamos estranhas chaminés que contavam um pouco do que era aquele lugar. Frio, organizado e tradicional. Com marcas do passado e insinuações do futuro.
Seguíamos para novos rumos, algo que estava sendo construído ao longo dos anos. Mesmo assim nos trouxe um misto de segurança por entender o que se quer e acredita; e insegurança pela recepção do desconhecido.
Chegamos exauridas, com a programação em andamento e amizades já estabelecidas, daquelas aproximações que só o destino sabe o que fez! Um estar com os seus!
Ainda assim, a percepção era fria. Havia o cansaço de uma longa viagem; o reconhecimento de um espaço que não era nosso. Expectativa excitante dos sentidos! Uma estranha sensação de aproximação. É impossível perceber quando surgiu, veio apenas a necessidade de estar junto. Alegria de sentir o mesmo, olhar na mesma direção. Gradativa e inebriante!
Havia também o desgarrar, o desprender daquilo que por anos fazia parte de nós. Reconhecimentos dos corpos, sem o estímulo gélido das formalidades.

(As impressões de Portugal - Primeira parada: Algarve, Faro, Portimao. Maio de 2009)

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