Alinhar ao centro
serena

sereníssima
seresma
sintágma
síntese
da simbiônica.
Sintética!


Humana!

semente
semblante
sereno
sintoma
sincero
da simbióse.
Sintonia!

Máquina!
a pior parte do dia - é quando a ansiedade do acontecimento me faz mascar qualquer chiclete porcaria.

Era um anjo!


Ele soprava um hálito quente em minha nuca. Sentia a sua voz em meus pensamentos: era suave, pausada e doce. Pedia que eu ficasse. Não pude! Entendia que os anjos não são nossos, mesmo quando estão conosco. Não poderia estar comigo o tempo todo. Era necessário dividir sua divindade e dúvidas. O anjo queria amar! Ah, Rilke! Tiveste razão em dizer que "os anjos são terríveis". Nos protegem, nos alucinam, nos instigam... Mas, eles não podem amar! Somos apenas pessoas comuns. Como amar pessoas comuns?!
Anjo! Seja benigno e ouça:
Aqui estou, refém da tua presença. Contaminada por tua existência. Aguardando que tu caias do céu...

Fog...lift me up, give me wings, and let me travel the world. {explored} - No Flickr - luke smithers

queria poder navegar e lançar a âncora lá no meio do mar...



Kris Kato - Closing - 2004

Casa Nova!

Eu adoro colocar os móveis em novos lugares, limpar a casa, pintar as paredes. Necessidade interior de mudança. Constante inconstância!
Então está aí minha casa nova, cheia de cor. Porque por hoje estou colorida de alegria.
Beijos!

Sublime - o - desejo

Eu quero além do possível.
Só o possível não me aquece.
Mas como querer além, se o impossível não me pertence?
Meus pés se mantêm gelados.

Não quero a calma da comunicação, quero a distância dos caminhos.
Mesmo gostando do inverno, agora quero a primavera.
Quero o risco da flor que se arrebenta.
E dura o suficiente para enfeitar.

Quero novamente a incerteza.
A certeza é cômoda demais.
Só a inconstância impulsiona.
A lógica é para os tolos.
Cansei de ser óbvia.

Tudo isso é o que tenho.
Um desejo de sublimar o desejo.
Neurotransmissores que não trabalham.

Todos os desejos nas pontas dos dedos.
Ainda por decifrar.

Tudo aquilo que há no sublime desejo.

Refugiar-se

Tragédias irremíveis
Entrelaçadas por comédias
Na confusão de vários palcos
Na confusão de várias dores

Constância!
Amores absolutos
Representação de sentimentos
Na evidência de si mesmo

Inconstância!
Em suas verdades mais profundas
Desalento e encanto!

Tudo aquilo que há em mim
Não haverá em ti
Alegria ou sordidez?

cortês [ãa.]

Passos entre o paraíso num azul intenso e os paralelepípedos cravejados nos morros. No caminho vi folhas caídas no chão, caiadas. Flores murchas. Disfarçadas do renascer, ávidas por desvendar o que vem depois. Hoje joguei um vaso de flores no lixo, delimos. Elas enfeitaram o meu jardim por muito tempo. Je laisse aller. Exatamente igual ao que já foi. Já é. Será? Não sei. Porque vim daqui. Voltei, sem nunca ter ido.
Não quero esse amor cortês [ãa.], de muitas. Quero sim o agradável perfume que penetra. Essência. Mas hoje joguei fora a inocência dos delírios, eram brancos todos os lírios. As folhas caídas fizeram-me assim - sem luxo. No afã: Vesti-me de camélia. Cultivada à meia sombra, sem a força do sol. No conforto do paraíso. Caída em êxtase, insone. A contemplar.

Porque hoje resgatei os escritos de ontem.

Postado no Pedaços da Vida em Vermelho em 2009-01-26T02:30:28.134-02:00

lo mejor de los hombres...

De Las uvas y el viento (1954)

Tenéis que oírme

Yo fui cantando errante
entre las uvas
de Euopa
y bajo el viento en el Asia.

Lo mejor de las vidas
y la vida,
la dulzura terrestre,
la paz pura,
fui recogiendo, errante,
recogiendo.

Lo mejor de una tierra
y otra tierra
yo levanté en mi boca
con mi canto:
la libertad del viento,
la paz entre las uvas.

Parecían los hombres
enemigos,
pero la misma noche
los cubría
y era una sola claridad
la que los despertaba:
la claridad del mundo.

Yo entré en las casas cuando
comían en la mesa,
venían de las fábricas,
reían o lloraban.

Todos eran iguales.

Todos tenían ojos
hacia la luz, buscaban
los caminos.

Todos tenían boca,
cantaban
hacia la primavera.

Todos.

Por eso
yo busqué entre las uvas
y el viento
lo mejor de los hombres.

Ahora tenéis que oírme.


Quem quiser se informar é só digitar no Google: "turismo sexual no Brasil"- estão lá todas as ações, estatísticas e afins

Lobo de si mesmo!

Eu juro que tenho tentado ser mais presente neste espaço... Mas como dizia aquela musiqueta brega – “são tantas coisas”.
Blogueira fajuta como sou não tenho conseguido estar aqui e nos blogs que sigo com a freqüência que eu gostaria... Mas o assunto vale todas as linhas que escreverei.
Acabei de ver com um amigo, o documentário - Cinderelas, Lobos & Um Príncipe Encantado de Joel Zito Araújo. Não colocaria na prateleira dos documentários preferidos porque senti muitos detalhes falhos. Mas isso é pura exigência de principiante.
O roteiro é sobre o mundo do turismo sexual no Brasil. Por aí já dá para perceber a seriedade da coisa e o valor que estas linhas terão, pois o assunto é seriíssimo.
Semanas atrás tive o privilégio em assistir a uma peça teatral chamada Menina Júlia, entre os vários questionamentos, o que mais me chamou a atenção foi a posição da mulher na sociedade. Me fez crer que o tempo passa, a sociedade modifica alguns comportamentos, mas outros, que para mim são os mais importantes, não se transformam. Somos sempre seres subjugados. Na constante luta do mais fraco contra o mais forte. E como foi bem lembrado no documentário, podemos colocar aí todas as posições: a mulher e o homem, o negro e o branco, o pobre e o rico... E por aí vai!

(Depois vou ler sobre Darwin, para saber o que ele fala sobre esta evolução. Será que ele pensou que não chegaríamos a lugar algum?! Que continuaríamos patéticos como somos?!)

Joel Zito é um cineasta brasileiro que sempre põe em foco as questões do negro em nosso país e com este documentário ele novamente aponta para a fragilidade que insistimos em nos manter. Como se não pudéssemos nunca sair da condição de negro escravo. O ponto falho, que é o mesmo que eu percebi em Menina Júlia, está na maneira que o público pode vir a interpretar o sarcasmo usado nos diálogos ou no direcionamento deles. Mas arte não foi feita para vir pronta e sim para ser digerida em sua totalidade. Talvez seja o abrandamento necessário para que não saiamos da sala agredidos. Não sei!
Como estive recentemente, e pela primeira vez, do outro lado do Atlântico, pude fazer as comparações entre o documentário, a vivência no local e o cotidiano no Brasil. E isto é o que nos vendem: um sonho que é alimentado pelo poder do capital, como se alimentam os porcos em cativeiro. Meros subprodutos da sociedade! Prontos para o abate.
Agora basta saber: ainda é passível de mudanças, transformações e recriações?!
O que é esta condição de mulher, negra e brasileira?
É isto que sempre tento colocar à prova em mim... Os valores que posso construir estando nestas condições.

Ironias necessárias... Uma das propagandas antes da exibição do documentário é a Gisele Bündchen num sofá vermelho, com o controle nas mãos, em meio à multidão, sendo arrastada de um canto a outro e aproveitando da realidade da HDTV. Uma propaganda da Sky, afinal The Sky's the limit! E viva as entrelinhas! E viva o céu!


Cores


Algarve - Maio 2009

O que se viu

Tinha visto um mar azul turquesa, estava no alto, a mesma visão privilegiada dos pássaros. Como um animal que vive e sobrevive através dos instintos conseguia perceber toda a beleza, mas ainda estava distante.
Na estrada víamos estranhas chaminés que contavam um pouco do que era aquele lugar. Frio, organizado e tradicional. Com marcas do passado e insinuações do futuro.
Seguíamos para novos rumos, algo que estava sendo construído ao longo dos anos. Mesmo assim nos trouxe um misto de segurança por entender o que se quer e acredita; e insegurança pela recepção do desconhecido.
Chegamos exauridas, com a programação em andamento e amizades já estabelecidas, daquelas aproximações que só o destino sabe o que fez! Um estar com os seus!
Ainda assim, a percepção era fria. Havia o cansaço de uma longa viagem; o reconhecimento de um espaço que não era nosso. Expectativa excitante dos sentidos! Uma estranha sensação de aproximação. É impossível perceber quando surgiu, veio apenas a necessidade de estar junto. Alegria de sentir o mesmo, olhar na mesma direção. Gradativa e inebriante!
Havia também o desgarrar, o desprender daquilo que por anos fazia parte de nós. Reconhecimentos dos corpos, sem o estímulo gélido das formalidades.

(As impressões de Portugal - Primeira parada: Algarve, Faro, Portimao. Maio de 2009)
Estou grávida!

Grávida de um amor eterno
Grávida da sensação de querer estar junto
Á espera do nascer!

Do primeiro sorriso
Do primeiro abraço
Do toque

Á espera!

Vejo crescer em mim um amor intenso, um laço que nem a morte desfará.

Estou grávida do desconhecido
Grávida da expectativa da chegada
Estou grávida de amar

Hoje pari cacos de vidros coloridos e plantei ao pé das árvores no jardim.
Agora há um jardim em mim!

De volta ao lar!

Dias extremamente felizes...

Tem dias que sentimos aguçados. O uso dos sentidos se torna extremo. Experimentações variadas; prazer em estar em casa, em estar com os filhos, com a família, com os amigos e perceber que o novo pode ser agradável e encantador, mas é acima de tudo, efêmero!

Tem coisa melhor do que o abraço daqueles que amamos? Acho que não! É coisa uterina, só pode! E junto disso descobri uma coisa – não sei escrever sobre a felicidade. Não sei escrever quando estou feliz ao extremo, penso que só sei sentir.

Sinto-me como um animal acuado, perdido, lançado para fora do seu grupo. Este é o sentir... Mas não fui lançada fora, vivo outros caminhos! Que por ser outros, são propícios ao extirpar.
Como é doído o extirpar! É vazio por demais a partida, deixa a sensação de se estar num deserto onde tudo o que se pode ver é o distante, o horizonte e suas possibilidades.
Cheguei, sem de fato chegar... Falta-me ainda o aconchego das palavras, o brilho no olhar, a alegria da presença, o abraço apertado, o beijo na face, o amor. Falta-me o ar.
Que linha tênue é esta do estar e não estar?!
Preciso de imediato do sopro da vida!

Gustav Klimt - The Kiss

O livro, o corpo e a alma

Se fosse para viver uma vida medíocre, era você que eu queria. Mas não quero uma vida medíocre. Minha vida é sem ordem. Sempre achei que o mundo deveria ser anárquico, caótico e desconexo. Livre! Só que o amor me domou, dominou, regurgitou... Então, sou assim: patética, dialética e pouco hermética. Coração de mãe!
Adoro todas estas tolices, adoro ainda mais o seu jeito de ganhar o mundo de dentro do seu retrato. No exercício, capturou a alma! Mas lembre-se bem... não cuidamos bem da alma.
Por isso te troquei pela escrita, pela incerteza das palavras, pela imagem no espelho e a marca no corpo.
Descobri: a escrita no antebraço, é só a escrita no antebraço. Não é poesia de barriga. Não atinge a garganta, nem o cóccix.