As pequenas coisas

Ele ainda parecia crescer. Formas definidas, alguns fios brancos pelo corpo, dores escondidas, dentro de sua redoma. Ainda assim era um menino. Talvez crescido pela força e circunstâncias. Vivido por um amor intenso e pela ausência que diziam ser do enlouquecer.
Guardava para si todos os desejos. O carinho só aparecia se junto dele houvesse um drink qualquer. Desarmava-se e transgredia da rotina. Transformava-se em essência.
Nascido na cidade dos amores de verão, ele vivia os seus. Dizia que depois de um grande amor sofrido - só resta viver e não amar.
– Agora não! Agora não!
– Ainda não quero amar!
Sentia a solidão das cidades; do cinza que se vê além do colorido. Sentia que mesmo estando no paraíso, aquele não era o seu lugar. Estava fora de si, distante de tudo o que queria. Mas temia. Não só o amor, como a vida. Temia o fato de não saber o que ela tinha para lhe dar.
Tinha um olhar atento. Racionalmente sabia dos seus passos e mesmo assim eram as ilusões que o perseguiam. Via através de suas lentes o mundo que queria. Era um desejo em meio a tantos perdidos. Sentia-se um canalha por não saber ainda as definições de seus caminhos. Sua racionalidade não permitia ser.
Naquela noite descobriu que era hora de mudar. Havia recebido uma mensagem que o fizera pensar. Os risos eram de festa, de máscaras e despreocupações. Desejos e paixões de uma noite. Ele estava lá, sem estar. Escondido. Letárgico e imaginativo, buscando compreender que diferença era aquela. O que havia naquilo tudo, que o fazia falar e ser ele mesmo.

2 comentários:

Dona Sra. Urtigão disse...

As pequenas coisas em contos Memoráveis !
Menina, voce cresceu ! Se eu ja gostava antes, agora estou gostando mais ainda.
Abraço.

Ps: estou com dificuldades para postar comentarios aqui, apaga tres, quatro vezes Ja até desisti em outra vez.

Danitza disse...

Nossa, Sra. Urtigão! Fico feliz que esteja gostando... O crescimento tem sido à duras penas, mas continuo na busca.

Abraços e vou ver o que modifico para melhorar o blog.