Terrinha

"Todo mundo necessita de um lugar para voltar" (Crime e Castigo - Fiódor Dostoievski)

Tem dias que tenho uma birra tremenda desta terrinha. Povinho tacanho, preconceituoso, bairrista, tribal e primitivo. Acho que estes dois últimos são um, conseqüência do outro, estão interligados, não sei.
Mas ontem estive na praça para alegrar o meu carnaval (mesmo não gostando nem um pouco desta folia e dos aglomerados). Tínhamos lá o Carnaviola, coisa de roça... Fala forçada, por uma representação que sempre me recusei em aceitar, mistura de elementos, falta de identidade (talvez). Ainda sim, "teve" bom, lembrei de uma bandinha que vi em uma praça no Flamengo. Resgate saudável de algumas tradições.
Ando à procura do urbano, dos novos caminhos, de algo que ainda não vi. No entanto, gosto do cheiro de terra molhada e não do cheiro de chuva no asfalto, ou do cheiro de peixe que vem do mar.
Gosto do doce feito pela vovó, das quitandas maravilhosas que só encontro por aqui, do queijo fresco e saboroso; mas gosto do ir e vir das pessoas, da babel que é o metrô, da arquitetura mista e histórica. Das possibilidades infinitas e de ser mais um no meio da multidão. Da tecnologia, do acesso, da informação...
Gosto ainda mais do meu quarto, da infinitude de pensamentos, do poder da imaginação. Por isso a frase no início: "todo mundo necessita de um lugar para voltar", mesmo que este lugar seja dentro de si.
Como sempre diz o meu amigo: "eu moro em mim".


waterglobe - drawn.ca
à minha terrinha que não tem mar
e as infinitas possibilidades de se navegar

5 comentários:

Dona Sra. Urtigão disse...

Ah! E eu gostei do que voce escreveu, Como sinto este "lugar para voltar", talvez por isso que saia tanto, para poder voltar...

Danitza disse...

Sra. Urtigão!

Acho que o melhor de tudo é sempre poder voltar...

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

Karla, penso sempre assim, em relação a Tijuca, bairro onde moro aqui no Rio. Há ainda resquícios provincianos por aqui, dentro do mundo urbano. Os bares, por exemplo. O Aldir Blanc diz que isso é o que faz o Rio de Janeiro sobreviver: os bares da Tijuca. Concordo com ele. E com você, com seu belo texto. Entre o provinciano mineiro e o apesar-do-urbano da Tijuca reside algo de interessante dessa invenção esquisita chamada "cidade".

Beijão

Danitza disse...

O bom que esta postagem aqui se estendeu no MSN, automaticamente. E só agora vi.
Mas, é isso! Ajustar e tentar ajustar.
Beijão também.

Danitza disse...

Sra. Urtigão, não consigo entrar na sua página.